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Eles cresceram

Eles cresceram.

Eles cresceram e eu não vi, não vi e não percebi.
Ontem estavam em meus braços, no aconchego e cuidado do meu colo. Debaixo dos meus olhos, na barra da minha saia.
Ainda ontem, eu trocava suas fraldas e os fazia ninar. Foi ontem mesmo que fiquei sem dormir controlando sua febre e velando seu sono.
Não percebi quando cresceram. Quando deixei de cantar pra eles dormirem. Não vi quando trocaram a companhia dos pais pelos amigos. Pois, ainda ontem, os levava para passear com lancheiras e mamadeiras. Ontem ainda, os ensinava a cantar e a orar.
Em um piscar de olhos não os terei por perto.
Eles cresceram. Cresceram e eu não vi, não vi e não percebi.
Ontem brincavam no meio da sala. Tinham medo do escuro e andavam de pés no chão.
Não há mais marcas de dedos na parede, bolas e bicicletas não se param no meu portão.
Ensinar a contar, comer ou tomar banho saíram da minha rotina. 
Ele está em minha mente como meu garotinho e ela a minha menina.
Eles cresceram e eu continuo aqui, vendo e acreditando que ainda são meus pequeninos, indefesos e dependentes.
Como eu gostaria de protegê-los, para sempre comigo, debaixo das minhas asas. Mas, eles cresceram.
Cresceram e eu não vi, não vi e não percebi.
Não posso segurá-los, não posso prendê -los. Não posso impedi-los. Eles tem que partir, partir da infância para a aventura da vida adulta.
E eu? Eu estarei aqui. Sempre aqui. Esperando eles voltarem, orando, torcendo, apoiando.
Sempre com os braços abertos. Sempre com uma oração.
Eles cresceram, cresceram e eu não vi, não vi e não percebi.
Eles cresceram e por mais que eles cresçam, amadureçam e envelheçam, eles serão pra sempre meus pequeninos.


Daniela Xavier.

 

 

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